Salman Khan é um engenheiro norte-americano que trabalhava como analista de fundos de ações na Califórnia e, como tinha facilidade em cálculos, ajudava seus primos mais novos com suas tarefas de Matemática. Foi então que começou a utilizar, em 2004, a ferramenta de desenhos do Yahoo! Messenger para explicar o conteúdo das aulas. “Comecei a gravar meus desenhos e publicar os vídeos no YouTube apenas para ajudar meus primos, para servir como revisão da matéria. Eles poderiam acessar e, ali mesmo, estudar”, explicou em palestra promovida pela Fundação Lemann, no último dia 17 de janeiro, no Brasil.
A ideia ganhou corpo e, para sua surpresa, os vídeos passaram a ser acessados e divulgados entre outros alunos do ensino médio. “Quando coloquei as primeiras aulas no YouTube, percebi dois fenômenos interessantes. O primeiro foi com meus primos, que me disseram que preferiam ver os vídeos na internet ao invés de ter aulas comigo ao vivo. Eles disseram que a versão virtual da explicação lhes permitia voltar na matéria quando quisessem, sem pressão, sem sentirem que estão me atrapalhando ou me fazendo perder tempo. O segundo fenômeno foi a popularidade que estes vídeos tiveram. Muitos adolescentes me deixaram perguntas e comentários positivos, dizendo que, pela primeira vez, gostaram de estudar Matemática.”
Estimulado pela repercussão de sua ideia, Khan abandonou seu emprego, em 2009, para dedicar-se integralmente à produção de vídeos educativos, todos publicados no YouTube e livremente acessados por qualquer interessado. Foi assim que surgiu a Khan Academy, cuja missão está estampada em sua página principal na web: ajudá-lo na aprendizagem do que você quiser, quando você quiser, em seu próprio ritmo. “Fui percebendo que o que eu estava fazendo não só podia ajudar meus primos. Eu estava criando um método de documentar conteúdos educativos e, com isso, deixar que aquilo não envelhecesse. Se Isaac Newton tivesse feito vídeos de cálculo e os colocado na internet, eu não teria que fazer isso agora”, disse Khan.
Em sete anos, suas aulas já foram assistidas mais de 230 milhões de vezes. A Khan Academy usa o mesmo formato para dar aulas de Matemática, Ciências, programação e humanidades. O criador não fornece nenhum diploma e não cobra presença dos alunos. “Hoje, dizer ‘faça isso, faça aquilo’ ao aluno é um péssimo método de ensino.”
Na escola
A Khan Academy nunca teve a intenção de substituir a escola. “Achei que este novo método ia fazer bem aos alunos, ao modo como eles iam estudar nas suas casas, mas nunca imaginei que os vídeos pudessem ser usados em sala de aula. Foi então que comecei a receber cartas de professores me dizendo que estavam usando meus vídeos para dar como lição de casa”, explicou Khan.
Posteriormente, alguns professores começaram a fazer experimentos dentro da sala de aula e a utilizar os vídeos do engenheiro como base. “Nesse momento, surgiu mais um ponto interessante. Os alunos, agora, usam a tecnologia junto com seus professores e podem interagir com os outros alunos, discutir a matéria. Os professores estão humanizando o que é ensinado”, afirmou. “Esses educadores pegam uma situação fundamentalmente desumanizada e sem interação e a transformam num espaço de troca. Eles quebraram as regras da velha educação, em que 30 alunos tinham que ficar quietos em sala de aula, sem interagir. Hoje, a nova geração precisa disso, da interação que a internet lhes proporciona.”
No Brasil
A Fundação Lemann é a responsável pela tradução para o português e disseminação de mais de 400 vídeos da Khan Academy. As aulas já contêm mais de 1,9 milhão de visualizações e podem ser visualizadas na página principal da Fundação. Segundo o Ministério da Educação – MEC, o material traduzido deverá integrar o conteúdo dos 600 mil tablets a serem distribuídos aos professores do ensino médio neste ano.
Por Luana Costa / Blog Educação
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