Atualmente, existem muitas metodologias sobre como ensinar para a geração de nativos digitais. Alguns termos, no entanto, não estão claros para todos os professores, que acabam ignorando sua existência por não saber o que significam e não conseguir usar esta ou aquela metodologia. Contudo, se analisarmos com um pouquinho de atenção, tudo está conectado. É como se estivéssemos diante de uma única metodologia com várias vertentes, que se complementam.
Você já deve ter ouvido alguém falar Blended-Learning. O nome é super estiloso, não é? Dá a impressão que somos importantes quando aplicamos uma metodologia com tamanho impacto sonoro. Então vou te contar que Blended-Learning, também conhecido como B-Learning e Ensino Híbrido (em português), nada mais é que misturar atividades presenciais com atividades a distância. E aposto que muitos educadores e instituições já deram os primeiros passos nessa direção e nem sabiam que estavam fazendo algo tão “chique”.
Esta metodologia permite ao professor ampliar sua sala de aula, oportunizando uma aprendizagem colaborativa, tanto presencial quanto virtual. Não se trata de abrir mão dos espaços, mas unificá-los, deixando a sala de aula mais ampla. Eu vejo também como uma excelente estratégia para o professor abordar temas relacionados ao comportamento online.
Daí algumas pessoas começam a falar mais bonito ainda: Flipped Classroom, ou Sala de Aula Invertida. Não, não é inverter o lugar da lousa com as carteiras, nem começar a sentar no teto; é inverter a “lógica” da sala de aula. Mas como? Permitindo que os alunos tenham contato com o conteúdo antes da aula presencial, em casa. Ou seja, a aula começa com a tarefa de casa! Pode ser através de um vídeo, um game educativo ou outros recursos virtuais. Desta forma, o aluno já adquire um conhecimento prévio sobre o conteúdo/assunto e utiliza a sala de aula física para tirar as dúvidas e fixar o que aprendeu, tendo suporte do professor, que passa a ser um mediador do conhecimento adquirido, e dos colegas. É uma metodologia que motiva atividades colaborativas, em grupo, a criação de projetos e promove o envolvimento dos alunos. Indico a leitura de um texto sobre os mitos em relação à sala de aula invertida.
O Ensino Híbrido e a Sala de Aula Invertida funcionam muito bem juntos, complementam-se. E para deixar a situação mais interessante contamos com alguns recursos online e gratuitos, como os REAs – Recursos Educacionais Abertos. São materiais de ensino que estão sob domínio público – “free” – na internet. Os REAs atuam na perspectiva de que o conteúdo precisa estar disponível e ser distribuído democraticamente para colaborar com o desenvolvimento das pessoas. E já existem muitos adeptos que produzem muitos REAs. Dá uma olhada no site, participe do grupo aberto no Facebook, produza e utilize REAs.
E chegamos às redes sociais virtuais. Embora ainda causem pânico entre os educadores – eu, particularmente, não sou adepta ao uso massivo na educação –, é melhor estarmos dentro delas do que deixar nossos alunos sozinhos lá, não acham? O professor pode transformar uma rede social em espaço para interação, troca de informação, de links para sites úteis, de conteúdo; para promover debates, estimular a opinião dos jovens; usar a criatividade e propor atividades interativas bacanas, que possam complementar o Ensino Híbrido, apoiar a Sala de Aula Invertida e difundir os REAs, transformando a rede virtual da sua turma em um repositório de objetos de aprendizagem.
Tudo o que foi falado aqui acontece dentro uma perspectiva chamada de “Aprendizagem Informal”, que é caracterizada pela não necessidade de estarmos em um local específico e físico para aprendermos. Podemos aprender da forma que quisermos e no nosso ritmo. Claro que este formato de aprendizagem ainda não é muito empregado nas escolas brasileiras, pois implica em dar ao aluno liberdade para escolher o que ele quer aprender, e ainda não estamos preparados para isso. Mas é uma tendência. Fiquemos de olho!
Contudo, antes de começar a exercer todas essas metodologias o educador precisa estar preparado. É necessário conhecer como funciona o ensino a distância – e até participar como aluno em um curso para conhecer bem -, explorar ambientes online, plataformas de aprendizagem, repositórios de recursos educativos digitais, saber o que é e como utilizar as redes sociais, saber pesquisar na internet, criar e administrar blogs, usar a nuvem, fazer backup, organizar arquivos online, ou seja, a formação começa “dentro de casa”, ou melhor, dentro de nós.
E, claro, o mais importante: conversar com os alunos a respeito de bullying, pedofilia, racismo e outras situações que acontecem com frequência no ambiente virtual. Acompanhar o aluno no virtual é orientá-lo em todos os sentidos, não apenas tecnológico.
Eu recomendo que conheçam o Edutopia, um projeto desenvolvido em San Rafael (California, EUA), idealizado pela George Lucas Educational Foundation (GLEF). É baseado em métodos atuais e inovadores, que englobam aprendizado emocional, b-Learning, aprendizado com jogos, integração com a tecnologia, e outros. Existem várias experiências bem-sucedidas de escolas que já atuam com a Edutopia, muitas delas emvídeos.
Para abordar a temática segurança online, conheçam os seguintes projetos e aproveitem o conteúdo disponível nos sites:
SaferNet: traz informações sobre o uso seguro da internet e tem um canal para denúncia de crimes na web.
Guia para Pais: um espaço onde os pais podem encontrar informações acerca das mais recentes tecnologias, acompanhar o comportamento online dos filhos e fazer um teste para verificar o quanto compreendem sobre as novas tecnologias.
Family Online Safety Institute: instituto que trabalha para manter o mundo online mais seguro para as crianças e suas famílias. Discute o uso de internet segura e como criar os filhos para frequentarem o ambiente online.
Por Talita Moretto