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sábado, 30 de outubro de 2010

A escola e os desafios da inserção da tecnologia no cotidiano escolar

A escola é um reflexo da sociedade, que é pura tecnologia. A inserção das tecnologias contemporâneas no contexto escolar é uma realidade. O que fica (ainda) no ar é: Como realizar essa integração?

Há um consenso sobre a necessidade do uso de computadores na escola. Montam-se laboratórios ou salas de Informática, investe-se em softwares, capacitam-se professores, mas ainda pode-se perceber que os resultados são insatisfatórios.
A maioria das escolas ainda não está preparada para o fluxo intenso e dinâmico das tecnologias contemporâneas. Fica sempre a sensação de que se está “correndo atrás do prejuízo”.
Em minhas consultorias, é muito comum ouvir os diretores e coordenadores mencionando o fato: “Investimos muito nos laboratórios neste ano e os computadores já dão sinais de estarem ultrapassados.”; “Não há banda larga de internet que contente os meus alunos.”; “Os softwares que compramos não foram utilizados.”.
De modo geral, as escolas têm enfrentado os mesmos desafios. Minha percepção é que ela tem se focado muito nas questões de hardware e software, sem lançar um olhar para a questão do recurso humano.
Atividades pedagógicas podem ser realizadas de modo satisfatório em um Intel Core2 ou em um Celeron, por exemplo. O que faz a diferença é a preparação do docente para o uso desses recursos. É a integração dessa tecnologia ao cotidiano escolar, ao saber científico que está se tratando, é a realização de atividades significativas.
Outro desafio é a adesão dos professores ao uso de tais recursos. Fica sempre no ar a sensação de que o docente está “fazendo algo a mais”, o que não é verdadeiro. Precisa-mos conscientizar o grupo de professores de que, como profissionais do mercado que são, devem estar preparados para acompanhar as tendências. E a tecnologia é um requisito básico para qualquer área de atuação, inclusive na educação.
Por outro lado, a escola deve oferecer condições adequadas ao professor para o uso da tecnologia: uma sala de Informática com computadores em perfeito estado de funcionamento e em quantidade suficiente para todos os alunos, acesso à internet razoável, um auxiliar técnico permanente e um software de gerenciamento dos computadores para tornar a aula mais organizada.
Para mudarmos esse quadro, que beira o caos, a receita é simples e milenar: precisamos começar do começo. Digo isso porque as escolas têm iniciado às avessas: do final para o começo...
Montam os laboratórios, “capacitam” os professores, começam a levar aos alunos para as aulas de Informática e os resultados são questionáveis.
Deve-se iniciar o processo com as seguintes questões básicas:
Por quê? Como? Quem? O quê? Por que tecnologia na minha escola? Como a inserção desses recursos potencializará as oportunidades de aprendizado dos meus alunos? Quem serão as pessoas responsáveis por esse processo e quais suas principais atribuições? O que desejo ofertar aos meus alunos?
Depois de respondidas a essas questões, parte-se para os desdobramentos de cada uma delas e para a ação propriamente dita. Assim, terei uma sala de Informática de acordo com as necessidades dos meus alunos e docentes. Também investirei nas capacitações corretas, nos softwares adequados, na banda larga indicada, etc.
Com essa roda girando, estável e coerentemente, as inovações serão agregadas de modo natural e os resultados começarão, gradativamente, a aparecer!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conceito de currículo e o processo de integração de tecnologias ao currículo

Segundo definição da enciclopédia virtual wikipédia Currículo escolar seria o conjunto de conhecimentos e práticas a serem realizados em uma instituição de educação específica.

E acrescentaríamos que currículo pode ainda ser entendido como as experiencias, conhecimentos e saberes que se espera fazer, aprender na escola de acordo com o que se julga relevante e necessário na sociedade num dado tempo e contexto. Entende-se também que currículo é também uma questão de identidade. Podendo-se considerar currículo como seleção de conhecimentos." Em suma currículo é tudo o que envolve o contexto escolar: conteúdos escolares, os aspetos estruturais e funcionais e humanos da/na escola.
O crescente desenvolvimento da tecnologia tem auxiliado ainda timidamente ao desenvolvimento do currículo. Isso porque, no meio docente ainda não há uma abrangência satisfatória. Pra entender melhor o problema, existem professores que não tem formação na área que atua. Outros infelizmente acham que seu conhecimento está pronto e acabado e não se interessam por atualizarem-se para melhor desenvolver o currículo escolar com o uso de tecnologias. Integrar currículo e tecnologias nas palavras de COSTA,2005:


(...) potencializa mudanças na aprendizagem, no ensino e na gestão de sala de aula. Porém essas mudanças se concretiza quando compreendemos a concepção de currículo que almejamos desenvolver, identificamos as características intrínsecas das tecnologias que devem ser exploradas em atividades pedagógicas com intenções e objetivos claramente identificados... (p. 183)
Nesse sentido entendemos que uni-los irá facilitar duplamente. Digo, o trabalho do professor e o aprendizado do aluno. Uma das maneiras de integrar efetivamente as tecnologias ao desenvolvimento do currículo é também, através do aperfeiçoamento do conhecimento do professor, depois tentando fazer, ou seja, aplicando o que aprendeu de maneira persistente com o intuito de cada dia fazer melhor. E nada melhor do que tentar fazendo é desenvolver projetos didáticos para trabalhar em sala de aula, ou mesmo envolvendo toda escola, com temas urgentes de interesses comuns. Corroboando com a questão PRADO,2005 diz que a integração de tecnologias ao currículo, orientam o trabalho com projetos que têm as tecnologias como suporte à sua realização.( p. 185).
Para melhor compreensão:


“ Conceito de projeto implica compatibilizar aquilo que se deseja de uma nova abordagem de ensino e aprendizagem com a realidade do sistema escolar e com propósitos da atividade em cena, a qual envolve colocar em ação um plano que antecipa uma realidade que ainda não aconteceu. Sob este enfoque Almeida(2002,p 50) enfatiza que “ o ser humano desenvolve projetos para transformar uma situação desejada a a partir de um conjunto de ações que ele antevê como necessárias. (p, 185)
Nesse contexto inserir na prática escolar tecnologias que auxiliarão no desenvolvimento do currículo é algo que ajudará ao professor a prevê resultados e mesmo alcançá-los através da aplicação de projetos, mas não deve-se esquecer que :
Plasticidade, abertura e flexibilidade são características intrínsecas a projetos, cuja proposição inicial representa uma negociação com os sujeitos de aprendizagem que leve em conta seus interesses, intenções e condições para descobrir algo novo, produzir conhecimento ou criar produtos, delineando “ um percurso possível que pode levar a outros não imaginados a priori” ( FREIRE e PRADO, 1999, p, 113).
Basta então, nos motivarmos a fazê-lo.

 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Desafios e possibilidades da integração de tecnologias ao currículo. ALMEIDA, M. E. B. e PRADO, M. E. B. B. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância – SEED/MEC, 2008.P. 183 a 186
Pedagogia de projetos: fundamentos e implicações PRADO, M. E. B. B.In: Moran, J. M.e ALMEIDA, M. E. B. Integração de tecnologias na educação. Brasília, DF:SEED/MEC, 2005. P.187 a 192
Conceito de currículo escolar: pt.wikipedia.org/wiki/Currículo

domingo, 24 de outubro de 2010

Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias


Educar o educador

José Manuel Moran
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

Texto inspirado no capítulo primeiro do livro: MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 16ª ed. Campinas: Papirus, 2009, p.12-17

Aprender a ensinar

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, principalmente, incluindo também administradores, funcionários e a comunidade, principalmente os pais. Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

Cada um de nós professores/pais colabora com um pequeno espaço, uma pedra, na construção dinâmica do "mosaico" sensorial-intelectual-emocional de cada aluno. Ele vai organizando continuamente seu quadro referencial de valores, idéias, atitudes, a partir de alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.

Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador/pai para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.

É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.

Só podemos ensinar até onde conseguimos aprender. E se temos tantas dificuldades em ensinar, entre outras coisas, é porque aprendemos pouco até agora. Se admitíssemos nossa ignorância quase total sobre tudo - tanto docentes como alunos - estaríamos mais abertos para o novo, para aprender. Mas ao pensar que sabemos muito, limitamos nosso foco, repetimos fórmulas, avançamos devagar.

Sabemos muito, mas não sabemos o principal. Temos conhecimentos pontuais, mas nos falta o referencial maior, o que dá sentido ao nosso viver. Por que e para que aprendemos? Quando só temos objetivos utilitaristas - como conseguir um diploma, um emprego, ganhar dinheiro - isso concentra nossos esforços, mas estreita nosso raio de visão, de percepção.

Temos visões parciais, que se constroem com dificuldade e estão inseridas numa dinâmica informativa volátil. Se aceitamos isso profundamente e com confiança, poderemos começar a procurar com menos ansiedade, a intercambiar nossas pequenas descobertas, a estarmos mais atentos a tudo, a não acreditar em verdades dogmáticas, simplistas. Perceberemos que a realidade é muito mais complexa do que as explicações científicas e que, ao mesmo tempo, iremos apoiando-nos na ciência para avançar a partir dela sem cair em explicações sem consistência.

Ensinar não é só falar, mas comunicar-se com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe.

Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento. Isso nos dará muita credibilidade, uma das condições fundamentais para que o ensino aconteça. Se inspirarmos credibilidade, poderemos ensinar de forma mais fácil e abrangente. A credibilidade depende de continuar mantendo a atitude honesta e autêntica de investigação e de comunicação, algo não muito fácil numa sociedade ansiosa por novidades e onde há formas de comunicação dominadas pelo marketing, mais do que pela autenticidade.

Só pessoas livres - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar livremente. Só pessoas livres merecem o diploma de educadoras. Necessitamos de muitas pessoas livres na educação que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino. Só pessoas autônomas, livres podem transformar a sociedade.