De tamanho diminuto e configurações modestas, pequenos notebooks têm mudado a vida de estudantes paraguaios. O projeto Una Computadora Por Niño, iniciativa da ONG Paraguay Educa, conseguiu algo que parecia impossível: disponibilizar computadores portáteis para cerca de 10 mil estudantes de uma pequena cidade em um país considerado subdesenvolvido.
A cidade de Caacupé, próxima à capital Assunção, foi o ponto zero de uma revolução iniciada em 2009, quando a ONG, ligada à fundação norte-americana One Laptop Per Child, começou a distribuição de computadores entre professores e alunos de escolas públicas e particulares. Tanto os docentes quanto os estudantes envolvidos no projeto recebem treinamento e são acompanhados pelo período de dois anos, quando aprendem a tirar o máximo proveito das ferramentas oferecidas pela plataforma.
No Brasil, um projeto semelhante é levado adiante pelo governo federal e pela CCE, vencedora do pregão para a escolha da empresa que distribuiria 150 mil computadores para aproximadamente 300 escolas públicas. O programa já atinge dezenas de escolas em seis Estados brasileiros, onde professores e alunos têm acesso ao sistema que visa à inclusão digital e ao aumento na cadeia produtiva comercial brasileira.
Para Guilherme Canela, coordenador de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para Mercosul e Chile, essa nova forma de educação é essencial. "Essas tecnologias vieram para ficar, fazem parte do que hoje se chama sociedade da informação ou sociedade do conhecimento. Não faria sentido, dada a presença dessas tecnologias, que as escolas estivessem fora desse processo", afirma.
É necessário que a capacitação dos professores venha atrelada a uma sintonia com a direção das escolas envolvidas. "Os professores precisam saber como utilizar essas tecnologias em benefício da qualidade da educação e isso não é trivial. Em muitos casos, há capacitação de professores, mas não dos diretores da escola. É preciso que ela ocorra ao longo do tempo, não só um processo inicial. Além disso, um problema verificado em toda América Latina é a falta desse tema na formação dos professores. É preciso reconhecer as tecnologias e que as escolas deveriam entender como se pode fazer uso delas para melhoria da qualidade educacional. Com tudo isso acontecendo, as análises apontam que a introdução de tecnologias contribui com o ensino. Porém, se uma dessas peças do quebra-cabeça faltar, os resultados serão aquém do esperado e investido", destaca Canela.
Porém, esse tipo de uso divide opiniões. Para Esther Cristina Pereira, psicopedagoga e diretora pedagógica da Escola Atuação de Curitiba, a inserção de tecnologias nas séries iniciais pode ser prejudicial. "Creio que as crianças em tenra idade precisam aprender de forma mais clássica, lúdica, as coordenações motoras finas e grossas dependem disso. Além disso, a inserção do lúdico é essencial, com os meios digitais utilizado de forma ampla esse desenvolvimento é prejudicado", afirma. Ainda para a psicopedagoga, é importante que as aulas sejam bem planejadas e atreladas de forma condizente com as faixas etárias. "As crianças já vivem em um mundo de informação, largá-las na frente de um computador pode mais limitá-las do que abrir horizontes. É importante que haja um planejamento muito bem feito de aulas e conteúdos bem adaptados para os meios", destaca.
Já para Marta Bernadete da Silva, coordenadora do Laboratório de Informática Educacional (LIE) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Getúlio Vargas, de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, o Projeto Um Computador por Aluno apresentou poucos desafios aos estudantes. "Com os alunos não houve grandes dificuldades, o único cuidado é gerenciar o uso das redes sociais durante as aulas. Este assunto é constantemente debatido entre os professores e optou-se em permitir o acesso das redes no intervalo, conforme a orientação dos professores", comenta.
Marta reforça, também, que alunos e professores levam os computadores diariamente para a escola a fim de aprender sobre novas formas de aprendizado. "É um processo contínuo por meio do compartilhamento de experiências, repensando o currículo e ressignificando os processos de aprendizagem na busca da construção do conhecimento", afirma. Para a coordenadora, as aulas se tornaram mais dinâmicas e interativas. "O uso das ferramentas digitais proporciona aos alunos atividades diferenciadas como pesquisas na internet, comunicação síncrona e assíncrona, espaços virtuais de aprendizagem e utilização de softwares", destaca.
Escola investe em tecnologia para atrair a atenção dos alunos
Para o diretor do Flama Sistema de Ensino, Alexandre Rangel, é necessário mexer em toda a estrutura pedagógica para fazer o jovem se interessar pelos estudos hoje em dia. "É preciso reformular esse formato tão obsoleto. Devemos introduzir nas salas de aula novos atrativos para prender a atenção do aluno. Ele não pode ser convidado, por exemplo, a decorar um conteúdo. Ele precisa entender e absorver o conhecimento".
Para o diretor do Flama Sistema de Ensino, Alexandre Rangel, é necessário mexer em toda a estrutura pedagógica para fazer o jovem se interessar pelos estudos hoje em dia. "É preciso reformular esse formato tão obsoleto. Devemos introduzir nas salas de aula novos atrativos para prender a atenção do aluno. Ele não pode ser convidado, por exemplo, a decorar um conteúdo. Ele precisa entender e absorver o conhecimento".
Rangel ressalta, no entanto, que não basta os colégios se modernizarem. "Os professores precisam se reciclar urgentemente, sob pena de se tornarem obsoletos. Eles têm a dificílima tarefa de educar uma geração muito exigente".
Na tentativa de quebrar esse paradigma, o Flama adotou uma apostila digital em forma de aplicativo para tablets. Todo o conteúdo é conectado a uma TV na sala de aula. O software utilizado tem como aliado infográficos interativos para explicar e contextualizar as matérias. Durante uma aula de geografia sobre abalos sísmicos, por exemplo, o estudante enxerga na tela como e de que forma ocorrem os tremores, com infográficos simulando as ondas provocadas pelo hipocentro (ponto de origem do abalo no interior da Terra) e ainda mostrando o que ocorre no epicentro, proporcionando uma visualização "real" sobre o que está sendo estudado.
Com a utilização desse material desde o início de 2012, o grupo tem notado turmas mais motivadas e concentradas. Consequentemente, houve diminuição das notas vermelhas. "As aulas estão mais produtivas. Os professores não precisam perder minutos preciosos escrevendo no quadro fórmulas ou tentando desenhar o sistema solar cada vez que entram numa nova turma. Isso significa ganho de tempo. Com o novo método, é possível aprofundar-se nos assuntos, abordar questões mais relevantes, responder a mais dúvidas e fazer muito mais exercícios", explica o diretor do Flama.
Com o sucesso, o grupo acredita que os tablets vão ganhar o espaço da lousa digital, bem mais cara e com pouca mobilidade, já que o estudante não pode levá-la para casa. Já com o equipamento portátil, o aluno estuda em qualquer lugar, mesmo no modo off-line.
Por tudo isso, o grupo já pensa em comercializar o material didático para outras escolas do País. "O custo de tudo isso é irrisório, já que não será preciso comprar tantos livros a cada ano. Outra vantagem significativa é o estudante não mais carregar quilos e mais quilos de material nas mochilas. E trata-se de uma opção ecológica, já que não utiliza papel", ressalta o diretor.
Com informações do Blog do Professor Ivanilson
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